quarta-feira, 17 de agosto de 2011
É Gol na Argentina!
Caminhando pelas ruas de Buenos Aires, sinto-me mais uma na multidao. A cidade frenética, corrida passa sobre mim muito depressa, alucinada como quem se estivesse altamente drogada. Maluca por negócios, cultura, história, política e gente por todos os lados, personagens que cruzam olhares mas nao se exergam de fato. Impressionante!
Busco o interior de uma igreja, me encanto com a novidade. Tetos pintados de anjos, imagens pesadas, como se o pecado pudesse de fato, cair sobre nossas cabeças igualmente alucinadas. Quando neste mesmo momento, escrevo e levemente aproximasse da alsa de minha bolsa, uma mao suave, de dedos cumpridos. Rapidamente meu instinto manifesta-se por inteiro e minhas maos-magras respondem com a mesma suavidade a acao da ladra, enquanto meus olhos a fitam intensamente censurando-a sem palavras... Ela nao corresponde ou olhar, esquiva-se, faz o sinal da cruz, levanta-se e sai como sutilmente como se nunca tivesse ali estado. Espertinha a bandida! Aliáz, a igreja é um bom lugar para se fazer de santo.
Fugindo da santidade, encontro a inocência das crianças, enfeitando a praça em frente ao Palácio do Governo. Pombos em milhares pousam sobre a cabeça da professora, e os pequenos fazem à festa. Depois, manifestos, velhos reunidos em protesto, turistas, observadores, todos, absolutamente todos, misturados à massa.
Mas um pouco, em outros atropelos das palavras, Museu de Arte Moderna e uma única exposiçao despia-se por inteiro diante aos olhos, agora rendidos. O artista de nome Antonio Sigué, retratava em gravuras o homem e sua relaçao com o sexo, a transsesxualidade, a rotina, a formalidade, a decadência, as fantasias e os fantasmas dessa nossa humanidade revelada. Nos outros espaços, vastidao e muito barulho, provocados pelo trabalho incanssável dos homens em outro processo de montagem para outras produçoes.
Correndo de um lado à outro, fica fácil se perder pelas ruas da cidade, ainda que munida de mapa e outras referências. Piedras, Tucuraí, Perú, Avenida Belgrano e outras possibilidades. Mas me encontrei entre uma equina e duas ruas, aparentemente inimigas.
Grafites dao um espetáculo à parte, multi-coloridos, expressivos e completamente pessoais. Muitos artistas escondidos por detráz de tudo isso. Pelos parques, àrvores grávidas, mendigos agasalhados, fumantes ativos e passivos (muitos), "arranha-céu da boca portenha", imensidoes, museus, pugilistas, bicicletas, relógios suplicando por mais tempo no tempo da gente, bibliotecas, esconderijos, pessoas, futebol, hostel, Brasil.
De volta ao recinto, finalmente assisto a uma partida de futebol com a Selaçao Brasileira de Futebol. Amistoso entre Brasil e Alemanha, bola pra lá, pra cá e por fim, a Alemanha finaliza em 3 x 2 em cima do Brasil. Jogo bonito de ser ver, em especial, pela excelente atuaçao entre Neymar e Ganso, sintonizados numa mesma estaçao, como se estivessem jogando em casa, no Santos. É muito bom ver e ouvir o nome do Brasil em outros contextos.
Mais pra lá, outras formas de se entender a palavras, cara de brasileira, bolsa apertada sobre o braço, acuidade na maneira de expressar-se, palavras mudas, futebol novamente, aqui sim uma paixao nacional. É fácil reconhecer nossa grandeza em relaçao a bola, até porque somos o maior em número de títulos mundiais. Mas, de verdade? Somos mais regrados em nossa paixao. Nos apaixonamos desde cedo pela arte da bola, tanto que qualquer muleque brasileiro parece já nascer com ela nos pés, senao nas idéias. Nao sei como é isso no Uruguay, e por essa razao nao arrisco-me a falar nada, agora aqui na Argentina sim! SE RESPIRA FUTEBOL, SE COME FUTEBOL, SE BEBE FUTEBOL, SE PENSA EM FUTEBOL, SE PRATICA FUTEBOL, e por fim, SE VIVE O FUTEBOL loucament! E para provar a teoria, digo que até os campeonatos de segunda e terceira divisao, tem seu espaço nos canais abertos da televisao Argentina. Diferentemente do Brasil. Lá em casa, caiu para a segunda, rebaixou-se de fato, acaba qualquer tipo de divulgacao ou publicidade.
A pelota aqui é sagrada e uma verdadeira unanimidade.
É Gol na Argentina!
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