quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Brasília
(Foto de Eliz Pessoa)
Esses eixos que se cruzam
Nessa gigante encruzilhada
Esse céu que engole a gente
Esse abismo de cidade
Bras-ilha,
Essa imensa solidão
Esse mar de gente vindas de outras realidades
Esse desencontro de raças
Esse desassossego das palavras
Tão moça ainda e tão poderosa
Envolta em negócios camuflados
Manipulada por pessoas igualmente suspeitas
Cosmopolita e interiorana
De beleza arquitetada pela ação de gênios e loucos
Pensaram-te tão friamente,
Sobre números e idéia comunistas,
Mas esqueceram que uma cidade nasce naturalmente
E pulsa no coração de seus filhos
Eu gosto de você cidade,
Sou fruto de tuas entranhas,
De sua dor
Mas ando inquieta contigo
Porque fazem de você um fantoche qualquer
Não consigo mais me deslumbrar com a sua beleza maquiada.
Pois te enxergo além de tudo isso
Vejo-te sem maquiagem e não a acho tão bela
Quando se despi diante de meus olhos
Tentam tapar as suas feridas ainda abertas,
Sem tratá-las por dentro
Contam histórias ao seu respeito,
Mas camuflam a sua verdade
Congelam seus movimentos num cartão postal,
Onde o mais belo são os Ipês florindo,
E não a tua arte.
Hoje me dói por vê-la tão linda,
Quase mulher e tão bajulada por pessoas que
Não se interessam pela sua essência,
Ou sou eu que (ainda) não a compreendi intensamente?
Brasília, por hora você é
Apenas uma linda moça,
Em meio a tantas outras beldades,
E isso é tão pouco.
eliz pessoa
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