segunda-feira, 17 de março de 2008

Árvore

(Foto: Eliz Pessoa)

Mal amanhece o dia e ele já evoca o céu da alvorada.
Do lado direito da cama, o sono esvai-se ao som do Galo e algumas palavras ditam o texto deslizadas em formas de pensamentos.

Ainda é noite e a quietude da madrugada de domingo decifram impulsos, retêm a hora e tranqüiliza os poros de um corpo inerte sobre o edredom pesado sobre a cama.
E eu que nada tenho haver com isso, que acabo não dando a mínima importância aos suspiros de evocações inspiradas, pairando sobre o silêncio da sala.

De fora da janela, àquela velha conhecida de todos nós – uma linha de horizonte é quase encoberta por uma névoa flutuante sobre os ares da madrugada. E ainda assim, ela toda torta, enfeita o terreno ao lado.

Mas no terreno aqui dentro arde o sincero desejo de preservá-la das forças de mãos humanas, inteira sobre a terra vermelha.
É quando os dias passam junto ao desejo de que não comprem a área ao lado, construindo outro condomínio para solteiros como este aqui.

Nada de concreto, além dos já existentes construídos sobre cemitérios de espécies nativas do Cerrado, assim como ela.

Por isso é que a desenho, que a fotografo, que a quero viva enquanto há vida aqui.
Sobre as lentes de meus olhos míopes, ela reina quando o dia amanhece.

eliz pessoa

“Relata-se que são Francisco pregava aos peixes e as aves. Se a lenda é verdadeira imagino que os peixes e as aves, ouvindo a pregação do santo, riam e sorriam discretamente para não ofendê-lo. E isso porque não se pode pregar a seres perfeitos. Prega-se a seres imperfeitos para que eles se tornem perfeitos. Acontece que peixes e aves são perfeitos, são felizes naquilo que são. Peixes não querem ser aves. Aves não querem ser peixes. Mangueiras não pensam jabuticabas. Jabuticabas não penam mangas."

Rubem Alves

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