sábado, 23 de junho de 2007

Porque te imagino em sensações maliciosas,
na essência que só tua pele exala
e nos rabiscos que teu rosto desenha.

Porque sou capaz do silêncio quando te penso
e calo-te no vazio da noite.

Porque sou memórias de tua ausência,
encontrando-me no abismo seu,
sem perdas ou caminhos.

No aconchego de tua presença,
na imensidão de suas costas,
quando nelas me deito.
E nos diversos versos bebidos após as noites de festas.
Varados diálogos trocados nas madrugadas.
Conversas abertas, risos infindos
depois que a noite nos encontra,
nos encontro de nós.

Quando a língua inquieta-se
buscando caminhos salgados em ti.

Apelos dos pêlos nos poros melados
de sensações escorregadias,
confundidas com ares de envolvimento.

Porque sou o silêncio ensurdecedor,
a sensualidade de nossos desejos,
na inquietude de minha liberdade,
na 'prisão' de um sentimento,
simplesmente,

porque moras em mim.

eliz

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Pela janela lateral, paisagem de fora o movimento pede passagem, num furo de observação o olhar assimila gestos novatos, quando a babá, sentada na base do bloco, oferece a pele macia do bebê aos primeiros raios de sol do dia. Movimento perene.

O senhor de barriga dura e redonda caminha pela quadra, resquícios de militar.
Nas bancas, capas de revistas – militância política. Um segundo de novos-noves-ventos assanham a cabeleira na rua.

Meninos movimentam músculos na barra, crise de abstinência, transações de ações diárias e muitos partos para novas rupturas, quando se avermelha o sinal, paralisando o movimento dos caros. Atalhos, rabiscos, indiferenças de um homem faminto em meio ao caos social, outros asfaltos, sobre assaltos do tempo tão passageiro, desperdiçando a hora derradeira. Pensamentos censurando o coração, afinidades com horizontes vastos e uma vontade de para o instante e renascer repintando o novo.

As massas movimentam as ruas, como formigas em pleno exercício do preparo, presságios da semana e um gosto pelas imagens furtivas entorpece o sentimento.

Centímetros daqui, retalhos de tudo.

eliz

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Atualmente a palavra em voga por aqui, é elegância. Cabendo somente atitudes compatíveis com a mesma.

De acordo como Aurélio, elegância quer dizer: 1. Destinção de porte, de maneira, garbo. 2. Graça, encontro. 3. Bom gosto. 4. Gentileza. 5. Cortesia. Estes são alguns adjetivos da palavra.

Naturalmente existem diversas formas de ser elegante, como se portar e se vestir. Mas o que de fato impressiona-me é àquela incutida na essência de algumas pessoas. Parecem terem nascidos assim, com vocação pra coisa.

Pra quem não nasceu com essa qualidade nata é difícil portar-se elegantemente, pois exige do indivíduo esforço para não “descer do salto”.

Em algumas personalidades essa qualidade é tão evidente que salta aos olhos de quem as tem. Como exemplo na música brasileira, Paulinho da Viola – dono de uma voz e uma postura inabalável. Assim como o Beatles, George Harrison.

No esporte, especificamente nos campos de futebol, o Zidane é incomparável no quesito - um clássico em campo. Outro grande exemplo é o Chico, figura que mesmo sendo pega em situações desconfortáveis, ainda assim não desce do posto, elegantemente Buarque.

Bem aqui, nesta província brasiliense, citaria Marcelo Bousada (Feijão de Bandido). Pleno em seu jeito, como se pairasse a cima de quaisquer suspeita.

Poderia contar outras figuras no quesito, figuras até femininas, mas hoje em especial, quando imagino as mulheres (ao menos as que passaram pela minha cabeça) o ser elegante, neste caso, estava muito vinculado a padrões estéticos, roupas, acessórios, modos e não necessariamente a essência. Não que eu não enxergue elegância nas fêmeas, longe disso! São tão multifacetadas nelas mesmas, que talvez por isso é que tive dificuldades em expressá-las, por serem muitas em muitas delas.

Ficando claro que elegância não tem nada haver com frescura, regras de etiquetas, padrões sociais, poder aquisitivo elevado ou Glória Kalil, toda essa parafernália vendida por aí em cursos.

Elegância não se aprende, bons modos e maneiras sim.

Claramente encontram-se outros tantos exemplos, por outros muitos olhares que não apenas os meus.

No mundo dos animais sem razão: cavalos, corujas, garças, felinos em geral, são também exemplos de elegância nata, assim como outono em si.

Por essas e outras é que hoje, se eu pudesse escolher uma característica em essências, gostaria de “elegantarme” sem deixar de ser simples, sem frescuras agudas.

eliz

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Por um triz, os textos não mais emitem palavras soltas, à deriva de uns pensamentos.

O tempo movimenta-se levando com ele ações passadas num dinamismo dos meses transcorridos. Alguma nuance me rouba o sono.

No pedalar dos dias o frio, arrepia a superfície da face ressecada pelo clima.

Uma dose tímida de pinga aqueceria as cordas “vocadas” na garganta e eu bem queria tanto tudo isso...

A semana nasce pronta, trazendo com ela outros aspectos de realidade.

Corretivamente as horas imperam sobre os homens exigindo novos detalhes, geralmente esquecidos na loucura dos nossos dias.

Os rostos, gestos, diálogos de um corpo são muito mais comunicação que muitas palavras reunidas.

Não mais a verdade, agora é o silêncio o início de uma ação poderosa.

E o processo continua, fazendo arte no caminho, porque o tempo não pára, mesmo com datas pra comemorar.

“O tempo passa tão depressa e a gente ainda passa correndo.” Cajú

eliz