Executaram a moça na
Rua Joaquim Palhares, lá no Estácio, onde
a vida parecia seguir em frente.
Mataram a moça depois
de tantas batalhas, de tanta coragem
para dizer o precisava ser dito.
Mataram
a moça da Maré, da favela, a moça negra, de lindo sorriso
largo e opinião corajosa.
Mataram a moça, de tantas lutas, de pulso firme e da voz imponente,
de grandes olhos observadores da vida,
onde as esquinas se encontram, onde as casas são pobres.
Mataram a mulher bem no seu mês de luta.
Calaram a sua voz, mas
jamais a sua luta.
Mataram a moça jovem
negra que movia estruturas, bem lá na rua
dos inválidos.
Mataram a moça e
mataram um pouco de cada um de nós,
com o nó na garganta, com a dor no peito, com os olhares aterrorizados.
Mataram Marielle,
da luta pelos direitos das mulheres,
das minorias, pelo direito a voz daqueles que há perderam. Mataram, Marielle Franco, Vanessa dos Santos,
Marinete Menezes, Wilson Melo, Osmar Pinheiro, Angel Gustavo da Silva, Bruno
Alexandrino, Luiz dos Santos Silva, Davi Renan da Rocha, Wesley de Paula,
Hosana Sarafim, Evangelista Cordeiro, Maria Eduarda Alves, Hermes Mathias, Marlene
M. Conceição, Ana C. Conceição, Renault F. Feitosa, Guthemberg Pereira, Manuel
Leisandro, João Paulo de Oliveira, Anísio Alves Neto, Sofia Clara Braga, Rebeca
Amaral da Silva, Paulo Henrique, Felipe Faria Gomes, Benedito José, Lorraine
Xavier, Carlos Henrique, Amarildo Dias de Souza, Maria Eduarda, Arthur,
Emily, Anderson Pedro...
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