No entardecer da cidade, o céu é colorido em giz de cera.
Nada até aqui escapa a rotina dos dias e facilmente se percebe o olhar
anestesiado da grande maioria, embora a vida se renove diariamente.
Haveria tempo de enxergar o novo, mesmo quando as coisas só
parecem envelhecer com a gente. E por um segundo, quantos milagres acontecem
sem que saibamos?
Penso em cada leitura de poesia... o tempo é dela. Tempo de
arrancá-la ainda que à força de si mesmo.
É urgente a poesia do escape, algo que nos dê outro sentido,
outro olhar, uma sensação perdida na correria dos dias, esquecida na pressa da
vida, que não se vive.
Tempo este de se encontrar no caos em que vivemos.
Descobrir um mar dentro da gente e fugir pra alguma praia
habitada ali.
O que é a vida, senão essa frágil insegurança sobre o tempo do
existir.
elizpessoa