terça-feira, 4 de novembro de 2008

Copacabana

Foto: Laione Sousa

Daqui de cima, a vida tem outros olhos, exibe outras performances, desnuda-se na areia, encolhe-se miúda, como formigas em pleno transe do trabalho.

Sobre a ótica míope da janela, Copacabana se estende, enquanto o conforto dos hotéis à beira da orla enfatiza um pensamento.

A cidade está nublada e os apartamentos escondem suas casas sobre seus ápices e o mundo gira cotidianamente dando movimento a metamorfose de uma única palavra.

Daqui do trigésimo andar, as sensações são outras e esse nosso Deus de olhos distantes, assiste ao filme de cima, sem pretextos humanitários, e o mar de um dia cinzento, arrebenta ao longe numa praia, agora vazia. Amontoadas casas nascem nos morros e o excesso de altura estremece o equilíbrio das pernas.

Ingênuos nos tornaram, diante da grandiosidade das coisas, e elas, pequenas se tornam diante de nossa ingenuidade. Nesta cidade ainda acreditamos nas verdades, embora muitas vezes elas se camuflem nos corpos dos travestis, travestidos de sensualidade.

Por aqui, a vida prossegue na beleza do mar, na grandiosidade do ser, na capacidade de superar algo traído em nós.

Do alto de muitas idéias, o dia, implícito sobre Copacabana, intrínseco em cada um de nós.

eliz pessoa

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sobre o Amor

Foto: Eduardo Gastaldo


Ah, o amor...

Se o amor for essa coisa inatingível, utópica, inimaginável, longe do cotidiano, comum de dois gêneros, impraticável em todas as convivências?

Se passar muito longe de tantas vivências e de repente, revelar-se apenas num conceito, distante da lida e romantizasse tanto, ao ponto da inutilidade, na desfalecida exaltação de uma idéia de razões desconhecidas, e desfilar longe das essências, do ato na vida quando ela se pinta, resgatando apenas algum tipo de arte, recontada nos minutos que levam uma pouco da gente, na pressa derradeira dos tempos, no lançamento maluco das horas, entregues ao nada.

E se ele se esquecer de apresentar-se, e sem meias palavras partir, sem dizer que esteve todo o tempo ao lado da gente?

E se não deixar saudades rasas, mas lembrança sincera como parte de tudo que finda, haveria oportunidade de não deixá-lo partir de nós?

E se não houver perdão pra tanto esquecimento, e ele não passar do que eu sinto agora?
Ah, esse amor tão longe da gente, presente em tudo passa.

eliz pessoa