(Grafite de Daniel Melim)
A rua, o abandono, o escuro, o excesso de luz, a
miséria, o outro.
A rua, o cão, o homem, a pedra e as
necessidades.
A rua, a arte, o silêncio, o berro.
A rua, tantas dignidades assoladas por ela.
A rua, a falta d’água, a ausência do teto, a pele e o
edredom, a desesperança.
A rua, o medo, a cólera, a dúvida, a morte, a vida.
A rua, o álcool, as drogas, a dor e um corpo
queimado – o mendigo, um índio e o negro.
A rua, as mulheres grávidas, a opressão, o presente
tão futuro.
A rua, o sexo, a pele, o cheiro, os outros.
A rua, os pobres, o desemprego, o afeto.
A rua, a memória de um homem, uma mulher, um menino.
A rua, o passado tão presente.
A rua e uma felicidade esquisita...
elizpessoa