(Imagem: Google)
Cada um tem lá o Deus
que concebe, eu, por exemplo, o concebo em meio a natureza, num simples passarinho,
já para outros ele é amor, onisciência, onipresença e onipotência. Pra uma
parcela significativa da humanidade ele está nas religiões, nos ritos escolhidos
para reverenciá-lo, nos templos ou nas imagens sacro-santas da Renascença e de
tantos outros períodos não menos significantes da arte e até no alto da
montanha de um famoso Dedo de Deus. Tem gente que o vê tal qual sua imagem e
semelhança, como um homem vivendo num templo além daqui. Deus Pai de Jesus
filho. Outros acreditam que ele está sempre sentado num trono esperando o
momento para julgar vivos e mortos. Tem gente que pensa que ele é inimigo
número um do mal, o grande Juiz das sentenças que o homem deixou de cumprir.
Difícil
é conceber a ideia de Deus em uma só coisa. Multifacetado, presente em tudo que
se vê e escondido no que se sente.
Pra mim esse Deus não
cabe na ideia limitada das coisas, não cabe na poltrona, no céu cheio de nuvens
brancas, porque ele vai além da minha própria realidade. Empresta-se ao cheiro
das coisas, ao atrevimento da vida, no passar desenfreado do tempo enclausurado
num relógio de uma parede. Se doa nos animais, nas mães, nas crianças, na fúria
da natureza, no prato, na alma, na dúvida, nos outros, em nós. Vive sempre
espreitando vazios e questionando certezas. Presente em cada um, nos laços das
amizades, no leito das famílias, na prece desesperada, no nó na garganta, no
cuidado e no descuido das coisas.
O Deus de cada um cabe
tanto num lamento, como num lampejo de alegria.
Esse Deus que sabe a
arte de fazer-se inteiro, ainda que desfragmentado.
eliz pessoa
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