domingo, 23 de outubro de 2011

(foto site http://www.espacoimaginario.com/)

Depois que São Pedro resolveu lavar a casa onde habitava a minha ignorância e o céu despencou sobre nossas cabeças, o tempo fechou a cara para o dia.

Flagelados, sobreviventes perambulavam na manhã seguinte sobre os atalhos daquele que se acostumou com o medo e o abandono da espécie humana.

Em meio a vícios distintos, a gana da hora se resume em labirintos de uma nova língua desvairada.

Em caminhos de muitos desesperos, tudo pede socorro: o dia, grafites estampados em muros incompletos da cidade, o pouco de tempo resumindo o horário de verão, a permanência das coisas rasas e insistentes, enquanto um belo latino insinua-se no trânsito num passo de malabaris, encantando uma moça vazia e desesperançada, em meio ao paraíso das mangueiras carregadas. Ela ainda se engana com o anúncio milagreiro para reduzir gordura localizada, de 2 a 10 cm... tudo isso num piscar de olhos corridos.


eliz pessoa

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Primavera

(Foto de Bianca Garcia)

É primavera,
em meio às cores das flores multiplicadas.

Ipês novinhos percorrem caminhos escondidos na gente.
Dilacerada, a moça aguarda a estação de si mesma.

É primavera das cores exuberantes,
nas avenidas da cidade larga.

Primavera das esperanças renovadas,
do olhar preenchidos por tanta beleza.
Beleza que passa lá fora e se encontra aqui dentro,
nos amores suaves e passageiros,
como as flores que seduzem um coração vadio e seguem morrendo.

Primavera de beleza rasgada, enlouquecida
Em meio a flor(a) do meu cor (ação).


eliz pessoa