segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Titubeando
Fonte da foto: Olhares.com
Em meio a uma voz que se conta sem cansaço e ainda não se importando se é ouvida, a quietude de meu silêncio me completa no absurdo da madrugada. No decorrer de tudo, a parede é escondida por desenhos de giz de cera, importância indiana, outras possibilidades, controle das contas de um novo ano, promessas de quitação, fotografias sobre a luz-branca de um abajur vermelho. Todos esses detalhes resgatam lembranças de antigos rituais da infância.
Sobre a cama ainda amassada, a gata igualmente branca de olhos salientados, observa de cima o movimento do quarto, quando um quarto do que sinto é canção na harmonia de um violão brasileiro. No decorrer das informações, os livros guardam suas palavras sobre as prateleiras da estante de madeira. Mas o fato é que “ela não sabe, quanta tristeza cabe numa solidão.” Ela não pensa em nada disso e adormece de boca aberta, como quem se aprofunda nos mistérios absurdos do sono, enquanto penso em quantos sonhos caberiam nesse instante.
Por aqui resolvo retornar pelas formas de outras palavras que ainda não sei usar e sem mais enganos, me esqueço de invalidar as coisas.
Já é bem tarde em meu coração.
Em itálico: trecho da canção Tristeza e Solidão de Vinícius de Moraes.
eliz pessoa
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
A gente se esconde de tudo.
Esconde-se do medo
Esconde-se do medo, na gente
Se esconda da gente, no medo
A gente se esconde e se engana
E se desengana em seguida
A gente na gente
Bem dentro da gente
A gente se esconde e se esquiva
Esconde-se e se equilibra
A gente se esconde e dança
Num quarto vazio sem sobremesa
A gente se esconde no espelho
E se olha diferente
A gente da passiva
A gente na ativa se esconde de tudo de novo
A se desintegra em seguida
A gente não sabe de nada
A gente até tenta e arrisca uma palavra nova
A gente fica velho e compreende o tempo da gente.
A gente perde tanto tempo...
eliz pessoa
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